Sempre que precisar comprar um torquímetro tenha em mente que o seu uso deve ser entre 20 a 100% da escala. Mesmo que exista escala antes de 20% da escala máxima. Sempre que for possível mensure seu uso no meio da escala.
Por exemplo, se você precisa aplicar 60 N.m. sua melhor opção seria um torquímetro de 20 a 100 N.m. onde 60 N.m seria em torno do meio da escala do torquímetro.
Sempre evite o uso de um torquímetro nas extremidades da escala, muito perto dos 20% iniciais ou do 100% da capacidade. É lá onde onde o torquímetro é menos preciso e apresenta os maiores erros. Na eventualidade de uma manutenção de seu torquímetro o laboratório terá como base de calibração a Norma ISO, no caso de torquímetros, a Norma ISO 6789 onde menciona os erros permitidos de cada tipo de instrumento.
Aproveitando o assunto, a Norma ISO 6789 é a referência internacional para ferramentas manuais de torque, estabelecendo os requisitos para seu projeto, fabricação e, crucialmente, sua calibração e verificação. As versões mais recentes da norma (de 2017) a dividiram em duas partes, ISO 6789-1 e ISO 6789-2, para abordar separadamente os requisitos de projeto e os de calibração.
De acordo com a norma, os torquímetros são primeiramente divididos em dois tipos principais, que se baseiam em como o valor do torque é apresentado ao operador. Dentro de um desses tipos, encontramos as diferentes classes.
Tipos de Torquímetros (ISO 6789-1)
A primeira grande distinção que a norma faz é entre:
- Tipo I: Ferramentas de Torque de Indicação
- Descrição: São os torquímetros que mostram o valor do torque sendo aplicado em tempo real, por meio de um mostrador (analógico) ou de uma tela (digital). O operador acompanha a leitura até atingir o valor desejado.
- Exemplos Comuns: Torquímetro de relógio, torquímetro de vareta com mostrador e torquímetros digitais eletrônicos.
- Tipo II: Ferramentas de Torque de Desarme
- Descrição: Estes são os torquímetros mais comuns em ambientes de produção e manutenção. Eles são pré-ajustados para um valor de torque específico. Ao atingir esse valor, a ferramenta emite um sinal claro para o operador, que é tipicamente um "clique" audível e uma pequena quebra ou desarme tátil.
- Exemplos Comuns: Torquímetro de estalo.
Classes de Torquímetros de Desarme (Tipo II)
É dentro do Tipo II (ferramentas de desarme) que a norma ISO 6789 define as diferentes classes. Essa classificação se baseia principalmente no mecanismo de ajuste e no tipo de escala da ferramenta.
As classes são uma subdivisão apenas para as ferramentas do Tipo II (de desarme). Elas descrevem o método de ajuste da ferramenta.
- Classe A: Ferramenta com escala de ajuste (ex: o torquímetro de estalo comum, que se gira o cabo para selecionar o valor).
- Classe B: Ferramenta de torque fixo (pré-ajustada de fábrica para um único valor, não pode ser alterada).
- Classe C: Ferramenta ajustável, mas sem escala (precisa de um calibrador externo para ser ajustada).
- Classe D: Chave de fenda dinamométrica com escala de ajuste.
- Classe E: Chave de fenda dinamométrica de torque fixo.
- Classe F: Chave de fenda dinamométrica ajustável, mas sem escala.
- Classe G: Ferramenta de flexão (tipo viga) com mecanismo de desarme.
A norma ISO 6789-1 também define a exatidão máxima permitida para que uma nova ferramenta seja considerada em conformidade. Para a maioria das ferramentas do Tipo II (Classes A a F), a tolerância de erro permitida em relação ao valor ajustado é de:
- ±4% para torquímetros com capacidade acima de 10 N·m (Newton-metro).
- ±6% para torquímetros com capacidade de até 10 N·m.
É fundamental lembrar que essa tolerância se aplica a ferramentas novas. A calibração periódica, regida pela ISO 6789-2, é essencial para verificar se a ferramenta continua operando dentro dos limites de erro aceitáveis ao longo de sua vida útil e para determinar a incerteza de medição associada a ela.
E quando aferir um torquímetro? Para que o torque aplicado seja correto, a norma ABNT 12240 recomenda: o instrumento de medição de torque deve ser calibrado no mínimo a cada 12 meses e quando sofrer qualquer dano ou quando for submetido a algum reparo. Esta instrução pode variar de acordo com a Política de Qualidade Interna de cada empresa.